Inovação 22 de Fevereiro de 2021

A Indústria e os Novos Hábitos de Consumo no Pós-Pandemia

Inovação tecnológica, melhoria de processos, preocupações com a sustentabilidade ambiental, social e econômica e um olhar mais atento às necessidades dos consumidores estão entre os principais fatores que impulsionaram o crescimento do setor de embalagens flexíveis nos últimos anos em todo o mundo. E no pós-pandemia, todos esses fatores, principalmente em relação às inovações da indústria 4.0 e aos novos hábitos de consumo, serão essenciais para que a indústria de embalagens mantenha o ritmo de crescimento e a competitividade no mercado.

De acordo com o relatório Flexible Plastic Packaging Market, publicado em outubro de 2020 pela Markets and Markets, o mercado global de embalagens plásticas flexíveis está projetado para crescer de US$ 160,8 bilhões em 2020 para US$ 200,5 bi em 2025. Segundo o levantamento, esse crescimento será provocado pelo aumento da demanda em indústrias de uso final, como alimentos, bebidas, cosméticos e cuidados pessoais e farmacêuticos. Além disso, o relatório também aponta que o comércio eletrônico, especialmente nas economias emergentes, também impulsionarão o setor de embalagens flexíveis.

Porém, o relatório aponta que o mercado global de embalagens plásticas flexíveis deverá ter uma redução moderada em sua taxa de crescimento no biênio 2020-2021, pois a indústria de embalagens testemunhará um declínio significativo em sua produção depois da pandemia. No entanto, parece haver um aumento na demanda por embalagens flexíveis para alimentos, bebidas e aplicações farmacêuticas para embalagens de produtos, durante o COVID-19.

Mas como já mencionamos, inovação precisa deixar de ser um mero discurso e se tornar, de fato, um caminho para melhorar a rentabilidade e sobreviver às constantes mudanças no mercado, que são muitas. O foco em sustentabilidade, por exemplo, vem crescendo dia após dia, motivo pelo qual as soluções tradicionais de embalagens rígidas estão sendo substituídas por embalagens flexíveis inovadoras e mais sustentáveis.

Além disso, a maneira como os consumidores veem e interagem com as embalagens está mudando. Segundo a Flexible Packaging Association, mais de 60% dos consumidores na América do Norte, por exemplo, desejam pagar mais por benefícios de embalagem tangíveis e funcionais, como proteção do produto, facilidade de envio e eficácia da cadeia de abastecimento, entre outros.

Uma pesquisa do LEAD Innovation sobre Indústria 4.0 no setor de embalagens apontou que cerca de 70% dos fabricantes de embalagens em alguns países da Europa ainda não têm as habilidades para implementar processos e ferramentas digitais; cerca de 60% nem mesmo sabem o que realmente significa a Indústria 4.0, ou seja, quais as aplicações são possíveis no segmento e os benefícios que podem ser adquiridos.

Ou seja, ainda há muito para ser feito. Novas tecnologias surgem a todo momento e com enorme potencial para otimizar toda a cadeia produtiva de embalagens, tornando a produção mais eficiente e permitindo o desenvolvimento de produtos exclusivos, inteligentes e sob medida para as necessidades do cliente.

Desafios do setor no pós-pandemia

Em todo mundo, crescem as preocupações em relação aos impactos das embalagens flexíveis no meio ambiente. Isso tem levado diversos fabricantes a incentivarem a economia circular e desenvolverem opções de embalagens sustentáveis ​​que são seguras e que requerem menos materiais e energia para fabricá-las, reduzindo assim despesas de transporte e oferecendo vida útil prolongada para o produto.

O Reino Unido, por exemplo, vem trabalhando desde 2018 para se tornar o líder mundial em embalagens sustentáveis. Com um investimento de US$ 80 milhões (£ 60 milhões), o governo convocou empresas para desenvolverem embalagens sustentáveis, que vão reduzir os impactos negativos que os plásticos podem ter no meio ambiente. Essa iniciativa deve assegurar que a recuperação e a reciclagem das embalagens sejam feitas de forma eficaz.

Aliás, vale lembrar que a reciclagem ainda é um grande desafio na indústria plástica, mas é um trabalho conjunto entre governo, sociedade e empresa. Além do uso de tecnologia e fabricação de produtos sustentáveis, é necessário estimular a sociedade ao uso consciente do plástico e, principalmente, ao descarte de resíduos de forma correta.

Segundo Luciano Ost, Diretor Comercial da Polo Films, algumas tendências comportamentais de consumo podem impactar o setor de embalagens flexíveis. “As embalagens e produtos sustentáveis crescem cada vez mais. Em alguns momentos, o consumidor não consegue identificar se a embalagem é sustentável ou não, então ele busca entender as ações do fabricante do produto, o que ele vem fazendo a favor da sustentabilidade”, explica.

O Diretor ainda completa: “Um estudo realizado pela Amcham Brasil, apoiado pela DuPont Nutrition & Biosciences e com participação de outras 60 empresas da indústria alimentícia, mostrou que 73% dos consultados acreditam que os produtos de linhas saudáveis serão os principais impulsionadores dos negócios no país nos próximos meses deste ano”.

Hábitos em constante mudança

Segundo especialistas, existe uma tendência que os cuidados de saúde continuem em alta, gerando novas demandas para a indústria plástica, mesmo com uma vacina eficiente e o fim da pandemia de COVID-19. A Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST) espera um crescimento de até 2,5% em 2021 para a indústria brasileira, mas para garantir esse crescimento, de acordo com a Associação, é necessário um reposicionamento do setor plástico e foco maior na economia circular.

O mundo pós-pandemia terá grandes diferenças em relação a hábitos e tendências de consumo. É importante ressaltar que mesmo agora, durante a pandemia, já estão acontecendo algumas mudanças. Dados compilados pela Infobase Interativa mostram, por exemplo, que 13% dos brasileiros compraram pela internet pela primeira vez durante a pandemia; 24% estão fazendo mais compras online e 52% estão consumindo mais conteúdos pela internet.

Segundo a Euromonitor indústria de cuidados no lar cresceu em 2020 em torno de dois dígitos, impactado pelo comportamento das pessoas durante a pandemia com maior preocupação com a limpeza, inclusive com a elevação de maior frequência e preocupação com novos lugares que antes não eram limpos. Já em 2021 dá sinais de crescimento em torno de 1 dígito, baseado no novo hábito de consumo.

E claro, a indústria como um todo precisa estar atenta a esses novos hábitos de consumo. Em meio às regras de distanciamento social, insegurança, entre outros fatores, grande parte dos brasileiros estão reavaliando suas prioridades, estilos de vida e valores para se adaptarem à nova realidade. A crise sanitária da COVID-19 fez surgir um novo perfil de consumidor, com comportamentos ligados ao movimento Do it Yourself, compras à distância (e-commerce), produtos e serviços on-demand e consumo consciente e seguro.

O Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar) também destaca que os consumidores estão buscando cada vez mais soluções, ou seja: as marcas precisam ser essenciais e atender as necessidades de seus clientes. A experiência e a solução que são entregues passaram a ser o ponto-chave na jornada de consumo. Logo, as empresas que ainda não entenderam essa tendência, precisam correr para não perder espaço no mercado.

Outro ponto importante: cada vez mais crescem os movimentos em busca de bem-estar, saúde e sustentabilidade. O relatório Tendências Globais do Consumidor 2030, da consultoria Mintel, lista sete fatores essenciais que vão conduzir as decisões de gastos do consumidor, tais como: bem-estar, arredores, tecnologia, direitos, identidade, valores, e experiências. Segundo os autores, estes pilares permitem monitorar, analisar e prever continuamente transformações no comportamento do consumidor como um resultado direto ou indireto da pandemia.

“O crescimento nos mercados de alimentos embalados e saudáveis se manterá e a redução do desperdício de alimentos continuará a ser um fator-chave para a demanda futura, sustentada pelo crescimento populacional, a urbanização e a busca por estruturas de embalagens de maior barreira e com soluções sustentáveis. A nova geração procura se conectar com as empresas que sejam agentes de transformação, desejam cocriar com as marcas que consomem, ter experiências personalizadas e segmentadas, interatividade com end-user via internet, além de um forte engajamento com a sustentabilidade e as mídias sociais como protagonistas na decisão de compra”, finaliza Luciano.


E a sua empresa, o que vem fazendo para adequar suas embalagens neste novo cenário? Conte pra gente nos comentários!