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Mercado Dec. 11, 2020

Embalagens, novos hábitos de consumo e o que esperar para os próximos anos

O ano de 2020 foi desafiador para a indústria e diversas áreas da economia. De repente, foi necessário se reinventar, conviver e aprender com o diferente e, principalmente, encontrar e gerar novas soluções para novos problemas. Mudar virou questão de sobrevivência para muitos setores, inclusive para a indústria de embalagens flexíveis, que precisou repensar suas estratégias para continuar atendendo a demanda e entregando valor aos seus clientes.

Com a maior parte das famílias em casa por conta do isolamento social, houve um aumento expressivo das vendas pela internet e das entregas por delivery, o que impactou o setor de embalagens. No terceiro trimestre deste ano, por exemplo, a indústria de embalagens flexíveis apresentou desempenho superior ao da indústria como um todo, segundo estudo realizado pela W4Chem para a Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis (ABIEF). O setor registrou uma produção de 562 mil toneladas, uma alta de 8,8% em comparação ao trimestre anterior. No acumulado de janeiro a setembro de 2020, a produção chegou a 1,588 milhão de toneladas.

Ao analisarmos a composição dos resultados, a indústria de alimentos continuou na dianteira, sendo responsável pelo consumo de 203 mil toneladas de embalagens. Na sequência, vieram as aplicações industriais (98 mil t) descartáveis (68 mil t) e bebidas (56 mil t).  

Esses números refletem novas tendências de mercado e novos hábitos de consumo que a indústria de embalagens deve ficar de olho. Cada vez mais crescem os movimentos em busca de bem-estar, saúde e sustentabilidade na alimentação e isso tem impactado a relação dos consumidores com as embalagens dos produtos que consomem. De acordo com o relatório Tendências Globais do Consumidor 2030, da consultoria Mintel, 07 fatores vão impulsionar a decisão de compra do consumidor nos próximos dez anos, o que vai impactar mercados, marcas e, claro, a indústria de embalagens.

Confira quais são esses fatores e como cada um deles influenciarão o mercado consumidor, segundo o relatório:

1. Bem-estar
Há uma demanda crescente por produtos que melhorem, de fato, a qualidade de vida e o bem-estar Segundo o relatório, veremos a demanda por soluções individuais começar a impactar modelos tradicionais de consumo de alimentos, com os kits de refeições personalizadas e substitutos alimentícios se tornando mais e mais comuns. Nos próximos 10 anos, haverá oportunidades para as marcas se tornarem parceiras de bem-estar dos clientes.

2. Ambiente
As cidades estarão cada vez mais populosas e com a tecnologia de telecomunicação mais acessível, haverá condições de trabalho flexíveis, permitindo que os consumidores se tornem nômades digitais. De acordo com a pesquisa, haverá maior pressão sobre as cidades para continuarem a se expandir, invadindo as áreas rurais restantes e aumentando o custo de produção de alimentos, tornando os produtos básicos ainda mais caros para a grande parte das pessoas.

3. Tecnologia
Não é novidade que a tecnologia será cada vez mais presente em nosso dia a dia, mudando nossas vidas. A tecnologia móvel irá transformar o modo em que vivenciamos o trabalho, o aprendizado e o lazer. Para os especialistas da Mintel, a realidade virtual e a realidade aumentada revolucionarão a indústria. Plantações urbanas e micro-fazendas locais produzirão a maioria da comida consumida pelas pessoas. Além disso, operações de varejo 100% sem funcionários serão limitadas às lojas de conveniência, pois os consumidores irão se opor a lojas totalmente automatizadas, exigindo maior interação humana.

4. Direitos
Os consumidores ganharão mais controle sobre suas próprias vozes e buscarão uma abordagem mais consciente em relação ao compartilhamento de dados. As pessoas começarão a exigir privacidade digital, liberdade de identidade, mais ética e igualdade entre si e entre as marcas. De acordo com a pesquisa, a busca por privacidade e pelo uso consciente de dados pessoais irá ser impulsionada pela tecnologia blockchain, que permite que o consumidor tenha controle sobre seus dados online.

5. Identidade
As previsões feitas pelos especialistas apontam que daqui a 10 anos, os jovens de hoje estarão vivendo de acordo com suas “tribos” – ditadas por seus pensamentos e hobbies – em vez de suas famílias. Ao mesmo tempo, apesar das pessoas estarem mais conectadas hoje do que em qualquer outro momento da história, os sentimentos de solidão e isolamento alcançarão proporções epidêmicas até 2030. O relatório mostra que é muito provável ver as empresas, marcas, organizações sociais e governos criando soluções tecnológicas para ajudar no combate à solidão e na luta contra essa epidemia.

6. Valores
Segundo a pesquisa, os consumidores já estão analisando os seus hábitos de consumo e buscando realizar mudanças que possam garantir um futuro melhor. Atualmente, parte da população está direcionada por um desejo de compra com mais consciência ambiental e itens de uso mais acessíveis. As empresas estão indo além dos benefícios funcionais para os benefícios emocionais da compra. No futuro, os consumidores vão se direcionar para um consumismo mais lento e minimalista que enfatiza a durabilidade, proteção e funcionalidade. Ao mesmo tempo, a economia circular ganhará força e ajudará os consumidores a saciar esse desejo por conveniência e consumo sustentável.

7. Experiências
A busca por uma excelente experiência de compra já existe, mas o relatório aponta que ela deixará de ser uma ferramenta de marketing e passará a ser fundamental para criar conexões emocionais poderosas entre empresa e consumidor. Os autores da pesquisa ainda projetam que as experiências coletivas ganharão mais popularidade e que as experiências domésticas irão mudar para atender as necessidades de mais habitações individuais e com moradores de diferentes gerações. 

Como se adequar a essa nova realidade?
Não há dúvida: os consumidores estão mais exigentes e as marcas precisam ter consciência desse novo cenário para se adequar. No relatório 2020 Packaging Trends, os especialistas apontaram o que os consumidores desejarão e porque em relação às embalagens. Segundo o estudo, os consumidores recompensarão as empresas que agirem sobre questões de sustentabilidade de maneira responsável e instituírem práticas comerciais éticas.

Os consumidores do futuro buscarão por embalagens ambientalmente responsáveis e apoiarão as marcas que os ajudarem a entender o que é realmente melhor, ao invés do que é "menos ruim". Logo, de acordo com as projeções do estudo, marcas, fabricantes de embalagens e varejistas de sucesso serão aqueles que desenvolverem e comercializarem embalagens sustentáveis fabricadas com base em estudos científicos.

Assim, novos desafios vêm surgindo para a cadeia produtiva de embalagens. O consumo consciente será o ponto de encontro das transformações na indústria e implementar estratégias e ações sustentáveis desde o processo de fabricação, passando pela logística até chegar à mesa do consumidor, será uma exigência para sobreviver em uma sociedade cada vez mais preocupada com o próprio bem-estar e a saúde do planeta.