Mercado 6 de Novembro de 2020

A origem, a evolução e o futuro do plástico

Provavelmente você já deve ter se perguntado de onde e como surgiu o plástico, não mesmo? Como já mencionamos, é quase impossível pensarmos nossa vida cotidiana sem a presença dessa que é, talvez, uma das mais importantes invenções do século 20.

Já sabemos que este material não é um recurso natural, ou seja, não está presente de forma pronta na natureza e é resultado de pesquisas e experimentos químicos. Mas como surgiu e de onde veio o plástico? 

Em 1862, Alexander Parkes apresentou a parkesina, um material orgânico derivado da celulose, que ao ser aquecido podia ser moldado e que ao esfriar preservava a forma moldada. Esse material surgiu como uma opção para substituir a borracha, matéria-prima utilizada em diversos produtos da época, porém o custo de produção era elevado, o que desestimulou os investidores. Embora o produto não tenha sido um sucesso comercial, a parkesina representou um primeiro passo importante no desenvolvimento do plástico sintético.

Foi então que em 1869 John Wesley Hyatt descobriu uma maneira de fabricar uma versão aprimorada da parkesina, criando o primeiro polímero sintético. Na época, o jogo de bilhar se tornava popular e exigia cada vez mais marfim natural, obtido através da caça de elefantes selvagens. Hyatt se inspirou na oferta de US$ 10.000 de uma empresa de Nova York, que oferecia o prêmio para quem pudesse substituir o marfim, e descobriu um material a base de nitrato de celulose tornava-se um filme sólido e flexível. A chamada celuloide era formada por uma mistura de fibras de algodão com ácidos.

Esta descoberta foi revolucionária, pois tornou o material mais difundido e acessível. Mas a revolução dos plásticos estava apenas começando. Leo Hendrik Baekeland, considerado o pai da indústria do plástico, criou a baquelite, primeira resina totalmente sintética criada a partir de uma mistura de fenol e formaldeído. Comercializada como “o material para milhares de usos”, a baquelite foi um sucesso, pois podia ser moldada, fornecendo possibilidades infinitas. Isso levou muitas empresas químicas a investirem em pesquisas para encontrar plásticos mais novos que atendessem a várias necessidades.


Leo Bakeland, o inventor do plástico baquelite (Fonte: BBC)

Avanços e inovações

A descoberta da baquelite marcou o início da indústria de plásticos moderna e, desde então, centenas de plásticos, ou polímeros, foram criados pelas empresas petroquímicas para as mais diferentes utilidades. Durante a Segunda Guerra Mundial, com a necessidade de preservar recursos naturais, que a produção de alternativas sintéticas se tornou uma prioridade.

O polietileno (PE), por exemplo, foi criado na Inglaterra em 1933 e era usado para isolar o cabeamento do radar, tornando-o suficientemente leve para ser colocado em aviões. Já o poliestireno (PS), foi criado como uma alternativa ao zinco fundido e o nylon, inventado por Wallace Carothers na década de 1930 como uma seda sintética, foi usado durante a guerra como pára-quedas, cordas, coletes à prova de balas, forros de capacete e muito mais.

O aumento na produção de plástico continuou após o fim da guerra. O poliéster foi lançado na década de 1950, e o polipropileno, um dos polímeros mais usados ​​no mundo, começou como commodity em 1954, tornando-se um polímero muito útil devido à sua adaptabilidade. Nas décadas de 1960 e 1970, os consumidores ansiavam por plásticos para substituir os materiais tradicionais porque eram mais baratos, versáteis, higiênicos e fáceis de fabricar.

Uma revolução em nosso dia a dia

Desde que o plástico foi desenvolvido, ele avançou para beneficiar todos os setores da economia, incluindo medicina, transporte, tecnologia, embalagem, construção civil, esporte e lazer, agricultura e manufatura. É difícil argumentar contra o fato de que os plásticos ajudaram a tornar nossas vidas mais fáceis, seguras e agradáveis. E essa história está longe de se acabar. A indústria do plástico continua inovando e procurando soluções que tragam produtos melhores em todos os aspectos.

Já parou para pensar, por exemplo, em como o uso do plástico é abrangente em seu dia a dia? Ele está presente nos utensílios da casa, no trabalho e também nas várias embalagens que utilizamos e que tornam a nossa vida mais conveniente. E com a pandemia do novo coronavírus, ficou ainda mais evidente a importância desse material em nossas vidas. Suas propriedades têm garantido que os produtos em embalagens plásticas cheguem nas casas de nossas famílias de forma segura, protegendo os produtos embalados contra contaminações físicas e químicas e preservando-os até o momento do seu consumo.

Apesar da pandemia ter afetado a demanda por plásticos em vários setores como a construção, indústria automotiva, elétrica e eletrônica, e bens de consumo devido à paralisação das operações, restrições no fornecimento, transporte e desaceleração econômica em todo o mundo, as previsões são otimistas. De acordo com o relatório Plastics Market Size, Share & Trends Report, 2020-2027, o mercado global de plástico foi avaliado em US$ 568,9 bilhões em 2019 e deve crescer a uma taxa composta de crescimento anual de 3,2% de 2020 a 2027. 

O dilema e o futuro do plástico

Apesar de todos os benefícios, desde meados de 1980 o plástico é considerado um vilão do meio ambiente. Foi então que surgiram soluções para o controle, destinação correta pós-consumo e reutilização do material. Afinal, somada à sua versatilidade, resistência, acessibilidade e durabilidade, a capacidade de ser reciclado também faz o plástico compatível com o modelo de consumo sustentável. Por isso, é sempre válido ressaltar que reaproveitar o plástico após o seu descarte dá um retorno considerável não apenas ao meio ambiente, mas também à sociedade, principalmente na geração de emprego e renda para as empresas de reciclagem. 

Dados da Ellen MacArthur Foundation (EMF) apontam que apenas 14% das embalagens de plástico utilizadas no mundo chegam às cooperativas de reciclagem, enquanto 40% são destinados a aterros e um terço são descartados em oceanos e florestas tropicais. Segundo levantamento do Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb), o Brasil perde R$ 120 bilhões por ano ao não reciclar lixo e R$ 5,7 bilhões por ano ao não reciclar resíduos plásticos.

Ao mesmo tempo, a indústria do plástico vem passando por um período de transformação e a sustentabilidade é um tema que tem ganhado cada vez mais relevância. No setor de embalagens flexíveis, por exemplo, já existem diversas iniciativas para mapear o ciclo de vida dos produtos, o estímulo à coleta e recuperação das embalagens, a investigação de novos materiais como estruturas compostáveis ​​e de base biológica, além de tecnologias de processamento aprimoradas, logística reversa, entre outros mecanismos para contribuírem na promoção da sustentabilidade de forma integrada. 

Contudo, é sempre importante destacar que além do uso de tecnologia e da fabricação de produtos sustentáveis por parte da indústria, os consumidores também têm um papel fundamental. Ao fazer o uso consciente do plástico e descartar os resíduos de forma correta, todos contribuem para o funcionamento de toda a cadeia da reciclagem e, principalmente, com a saúde do planeta.