Geração de lixo no carnaval: um problema pesado
Quando o carnaval se aproxima, além da promessa de muita folia e diversão, ele traz também outras questões, como a poluição. E isto tem uma ligação indireta com a indústria do plástico, porque o carnaval gera um elevado volume de lixo em ruas e praias, sendo grande parte de plásticos, exigindo serviços especiais de varrição, limpeza e destinação adequada.
E o problema tem diversos vieses. Um deles é a falta de lixeiras e coleta eficiente durante as festividades, que resultam em montanhas de resíduos nas vias públicas. Considerado um problema de saúde pública pela OMS, o lixo do carnaval ainda propaga doenças, incêndios e impactos ambientais significativos.
E há algumas cidades, notadamente aquelas com tradição carnavalesca, que apresentam dados expressivos, como os trazidos pela Uninter: antes da pandemia, em 2019, Florianópolis realizou 126 eventos públicos, coletando 160 toneladas de resíduos.
Em São Paulo, em 2020, foram recolhidas 456,5 toneladas, enquanto no Rio de Janeiro a média atingiu 500 toneladas. Salvador também enfrentou desafios, coletando 436 toneladas nos circuitos Barra-Ondina, Campo Grande, Pelourinho, Amaralina e Ilhas. Recife e Olinda compartilham a preocupação.
Dentre tudo o que é recolhido, os resíduos, como plástico, vidro, coco verde, chicletes, latas e papelão se tornam vilões do carnaval. Apesar das campanhas nacionais de coleta seletiva, a destinação correta durante o período de folia é desafiadora.
Além disso, alguns dados sobre a decomposição de materiais destacam a gravidade do problema. O plástico persiste por 400 anos, o vidro mais de mil anos, o filtro de cigarro mais de 5 anos, o nylon mais de 20 anos, o metal mais de 100 anos, o papel de 3 a 6 meses, o coco verde 12 anos, chicletes 5 anos e a borracha tem tempo indeterminado.
Ainda segundo os dados da Uninter, no Paraná, iniciativas como a campanha "Operação Verão Paraná – Viva a Vida", da Sanepar, destacam a importância do descarte correto no carnaval. Durante a temporada 2021/22, foram retirados 676.379 quilos de resíduos no litoral, incluindo atividades carnavalescas.
Em Curitiba, medidas especiais incluem coleta em horários específicos, ecopontos de coleta e campanhas frequentes para separação e reciclagem de lixo. Essas ações visam minimizar os impactos ambientais e promover práticas sustentáveis durante as festividades.
Afinal, esta questão está presente em todas as cidades do Brasil durante o período de carnaval. Em lugares onde a folia é mais tradicional, o problema do lixo sempre se intensifica nesta época.
Em 2023, a prefeitura de Belo Horizonte (PBH), por meio da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), divulgou a informação de que 900 toneladas de lixo haviam sido recolhidas até a quarta-feira de cinzas.
No carnaval do Rio de Janeiro não foi diferente. A Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) do Rio de Janeiro recolheu 61,4 toneladas de resíduos, a maior parte (53,3 toneladas) na área interna da Passarela do Samba, na Avenida Marquês de Sapucaí, e o restante - 8,1 toneladas -, na área externa.
Enquanto todo este lixo é gerado, a indústria do plástico e os problemas relacionados à sustentabilidade também são afetados negativamente. Sendo grande parte do lixo gerado de origem plástica, isto chama atenção para o problema da reciclagem e outras questões relacionadas à economia circular.
De fato, o carnaval está intrinsecamente ligado à geração de lixo plástico devido ao extenso uso desse material em diversas formas durante as festividades. Muitas fantasias e adereços carnavalescos são confeccionados com tecidos e materiais plásticos, contribuindo para a produção de resíduos plásticos quando descartados.
Além disso, durante o carnaval, há um aumento expressivo no consumo de produtos embalados, como bebidas, lanches e itens relacionados à festa, o que resulta no acúmulo de embalagens plásticas como parte significativa dos resíduos gerados.
Eventos carnavalescos frequentemente utilizam copos, pratos e talheres descartáveis feitos de plástico, aumentando ainda mais a quantidade de resíduos plásticos gerados.
As decorações e enfeites usados em carros alegóricos, palcos e espaços de festa são frequentemente feitos de plástico, contribuindo para a quantidade total de resíduos plásticos após o término das celebrações. Brindes distribuídos durante desfiles e festividades também incluem itens plásticos, como máscaras, colares e pequenos objetos decorativos, que podem acabar sendo descartados como resíduos plásticos.
Essa combinação do uso generalizado de produtos plásticos descartáveis, associada à intensidade e escala das festividades do carnaval, resulta em um aumento substancial na geração de lixo plástico durante esse período.
Abordar a questão do lixo plástico no carnaval torna-se uma parte essencial dos esforços para promover práticas mais sustentáveis durante as festividades.
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Fazer a nossa parte na hora do descarte do plástico é onde tudo começa, cobrar das entidades responsáveis a coleta, a separação e a reintegração dos resíduos na cadeia faz parte de um movimento cíclico, que pode resolver a questão do lixo e do plástico não apenas no carnaval, mas de forma geral.