Desperdício de Alimentos: Problema Grave Exige Ação de Toda a Cadeia Produtiva
Todos os anos o mundo perde quantidades estarrecedoras de alimentos ao longo de sua cadeia produtiva. O Índice de Desperdício de Alimentos 2021 apresenta um número assustador: em 2019, foram desperdiçados 931 milhões de toneladas de comida. Isso significa dizer que 17% da produção total de comestíveis foi parar no lixo. Esta é uma das conclusões do relatório mais recente e abrangente sobre o assunto do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e da organização britânica de resíduos WRAP.
Na ponta do lápis, os dados impressionam: um total de 2,1 bilhões de toneladas de alimentos nem sequer chegam ao seu destino (a mesa das pessoas), o equivalente ao desperdício colossal de 66 toneladas por segundo. O desperdício de comida significa também perda de recursos naturais, contribuindo assim para impactos ambientais negativos. Na esfera econômica, estes números representam US$ 1,2 trilhão perdidos. Em termos ambientais, 8% das emissões globais anuais de gases de efeito estufa.
Estes números são alarmantes por si só, mas há uma série de desperdícios embutidos que tornam o cenário ainda mais dramático. A cadeia de produção e distribuição de alimentos necessita de água, terra, adubos minerais, pesticidas, energia elétrica e combustíveis fósseis. O alimento que vai para o lixo enterra junto com ele todos esses recursos que foram consumidos durante seu processo de produção, o que representa forte impacto ambiental.
Neste cenário, o Brasil aparece entre os 10 países que mais desperdiçam comida no mundo. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, cerca de 30% da produção de alimentos no país é desperdiçada.
Sustentabilidade e Aumento Populacional
A menos que medidas urgentes e eficazes sejam tomadas por governos, empresas e consumidores, o relatório sobre desperdício de alimentos adverte que há chances remotas de o mundo atingir a meta dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODSs) de reduzir pela metade a perda de alimentos até 2030.
Com a expectativa de que a população mundial chegue a 9,1 bilhões em 2050, a segurança e a disponibilidade dos alimentos são temas urgentes. Em toda a cadeia de valor de produção, é preciso que países, empresas e consumidores trabalhem juntos para garantir que alimentos e bebidas sejam protegidos contra contaminação e outros elementos prejudiciais, e que sejam distribuídos em todos os lugares com a melhor economia ambiental possível.
Onde Mora o Problema
De acordo com os resultados do estudo, a maior parte do desperdício de alimentos – cerca 61% - vem das famílias. Ou seja, das casas de cada um de nós. São produtos que se deterioram nos lares das pessoas antes de serem consumidos. Segundo o relatório da ONU, uma pessoa, em média, descarta pelo menos 121 quilos de alimentos por ano. O restante, 26%, vêm do setor de serviço de alimentos, como restaurantes, hotéis ou estabelecimentos de ensino. E, por fim, 13% vêm do comércio, como supermercados ou pequenas lojas.
O estudo salienta ainda que o desperdício ocorre em todas as etapas da cadeia de valor, mas é mais pronunciado no início (produção) e no final (consumo). Mudar este cenário requer a colaboração de vários atores. Governos devem apoiar e, em alguns casos, subsidiar oportunidades para reduzir a perda e o desperdício de alimentos e incentivar o reaproveitamento. Por outro lado, os consumidores precisam adotar práticas que reduzam o desperdício. E, para isso, estes devem contar com os fabricantes, que precisam dar um passo à frente como líderes na questão e implementar estratégias para reduzir a perda e o desperdício de alimentos.
Fim do Desperdício Passa Pela Embalagem
Uma boa prática para evitar o desperdício de alimentos é escolher a embalagem correta para cada tipo de produto, o que tem grande relevância na redução de perdas. A escolha da embalagem certa contribui para a conservação ideal do alimento, preservando-o por mais tempo. Esse é um dos principais fatores pelos quais estas devem ser bem pensadas, já que o material e formato adequados evitam que o produto estrague antes de chegar às mãos do consumidor.
Além disso, também é preciso escolher uma embalagem que aproveite o máximo do alimento. Ou seja: é importante que o conteúdo do pacote possa ser consumido integralmente ou, pelo menos, que o resíduo deixado na embalagem seja mínimo. Para isso, além de um design inteligente, é preciso que o pacote conserve a integridade do alimento, evitando vazamentos ou outras interferências indesejadas.
É imprescindível que os empresários do setor alimentício fiquem atentos aos indicativos do mercado. Por exemplo, uma das principais tendências observadas nos últimos anos é a diminuição do tamanho das famílias e o aumento do número de pessoas que moram sozinhas. A fim de evitar o desperdício e se adequar a este novo cenário, muitos fabricantes da área de comestíveis têm investido em embalagens com proporções menores, oferecendo assim opções de consumo individual aos consumidores.
Outra tendência que se intensificou com a pandemia foi a cada vez maior procura do público por alimentos naturais e livres de conservante e outros produtos químicos adicionados à sua composição. Esta demanda impacta diretamente os fabricantes de produtos mais sensíveis, como bolos, massas, pães e biscoitos, que precisam equacionar esta exigência do consumidor com a durabilidade de seu produto.
A boa notícia para estes empresários é que o mercado de insumos para a fabricação de embalagens tem investido em tecnologia e oferecido opções capazes de suprir esta necessidade. Como é o caso de filmes plásticos que usam a nanotecnologia e são capazes de sozinhos eliminar e evitar a proliferação de micro-organismos, como bactérias, vírus, protozoários e fungos que, além de serem vetores de inúmeras doenças, aceleram o processo de degradação dos alimentos.
Mais do que defender os produtos do oxigênio, da luz e da umidade, as embalagens modernas podem ser grandes aliadas na luta contra o desperdício de alimentos porque são capazes também de se adaptar a necessidades específicas. Dependendo do produto e suas características, há um filme ideal que garante as propriedades do alimento, processado ou in natura, evitando sua degradação precoce, o que ajuda a evitar o grave quadro do desperdício de alimentos no mundo.