Mercado de embalagens flexíveis: “Os desafios são grandes, porém as oportunidades são ainda maiores”, afirma Gerente Comercial
A indústria de embalagens flexíveis - assim como diversos setores da economia - vem presenciando mudanças de comportamento que rapidamente se transformam em novos hábitos de consumo, exigindo uma urgente adaptação à nova realidade do mercado. O setor já entendeu, por exemplo, que é fundamental atender às necessidades do cliente e do meio ambiente, principais fatores que vêm revolucionando o mercado de Flex Pack (flexible packaging), no qual a Polo Films está inserida.
Não é à toa que as embalagens flexíveis vêm ganhando espaço em todo o mundo, apesar dos desafios que a economia global e diversos setores vêm enfrentando. Os motivos são diversos: custos de produção mais baixos, durabilidade, leveza, aumento de negócios e, claro, as mudanças nos hábitos de consumo que têm alterado a dinâmica do setor.
Nesta entrevista, nosso Gerente Comercial do Mercado Interno, Cláudio Difini, faz um balanço sobre o desempenho e desafios do setor de embalagens flexíveis brasileiro em 2020, como o aumento no consumo de alimentos e bebidas impactou na produção da Polo Films para o mercado interno de embalagens e fala quais oportunidades ele enxerga para o setor no Brasil. Confira!
1) Quais oportunidades e desafios o setor de embalagens flexíveis no Brasil enfrentou em 2020, um ano marcado pela pandemia?
Foi um ano sem precedentes na história recente que levou muitas empresas a se reinventarem de maneira abrupta, alterando a forma de trabalhar e consumo de muitas pessoas. O setor de embalagens flexíveis foi impactado majoritariamente de forma positiva, impulsionado por políticas de home office, com consumidores passando mais tempo em casa e aumentando o uso de embalagens para uso residencial, quer seja de alimentos, bebidas, bem como de produtos de limpeza, higiene e cuidado pessoal.
2) De que forma esse novo cenário afetou o desempenho do setor no ano passado?
De acordo com o SEBRAE, 43% das empresas adotaram o home office e, embora a adaptação à nova forma de trabalho não tenha sido possível para todos os segmentos do mercado, grande parte das companhias criaram estratégias para intercalar a escala dos seus colaboradores a fim de respeitar o distanciamento social. Ao mesmo tempo, os consumidores ficaram ainda mais preocupados com a saúde e o bem-estar, buscando produtos que oferecessem maior proteção e segurança. Isso proporcionou ao setor a possibilidade de inovar e desenvolver embalagens com proteções antimicrobianas, por exemplo. O aumento do consumo, o reforço nos cuidados em casa no “novo normal” somados ao auxílio emergencial, que beneficiou uma parcela importante da população, foram os catalisadores para o melhor desempenho do setor de embalagens no Brasil.
3) É possível fazer um comparativo entre o desempenho do mercado brasileiro e do internacional? Quais aprendizados podemos tirar dessa comparação?
A pandemia causou impactos globais com profundas mudanças nos hábitos dos consumidores. Uma pesquisa feita pela Hunter nos EUA mostrou que 54% dos americanos estão cozinhando mais do que antes da pandemia e 51% deles continuarão cozinhando quando a crise sanitária terminar. Alguns países estavam mais avançados no uso do e-commerce e o Brasil teve seu boom no ano passado. A crescente utilização de compras online vai demandar, por exemplo, um significativo aumento para o mercado de etiquetas autoadesivas. A nível global, o desempenho das embalagens flexíveis apresentou um crescimento estável e superior frente ao aumento das embalagens em geral. O aprendizado se traduz na possibilidade de explorar oportunidades em conjunto com nossos clientes a fim de permitir novas aplicações e o aumento do consumo per capta de embalagens no Brasil o qual é inferior às economias mais desenvolvidas e até mesmo comparativamente a outras nações na América Latina.
4) Como o aumento na demanda de alimentos e bebidas impactou na produção da Polo Films para o mercado interno de embalagens flexíveis?
A demanda de filmes foi crescente ao longo do ano, com a migração da venda de embalagens consumidas em restaurantes e das pessoas em circulação, para o uso de embalagens adquiridas no varejo destinadas ao consumo no lar. Tivemos um crescimento nas vendas em diversas famílias de filmes BOPP, sendo notado, por exemplo, uma maior demanda filmes standard para suportar o crescimento das vendas de macarrão, cujo prato ficou mais barato comparativamente ao tradicional arroz com feijão. Nos filmes de especialidades, destacamos uma performance superior para as famílias dos filmes Matte e Opacos. A Polo Films é líder na comercialização de filmes Matte no Brasil com aplicações bastante demandadas para o mercado de produtos saudáveis. Já o crescimento das vendas de filmes Opacos deve-se, principalmente, ao maior consumo de refrigerantes em garrafas PET, bem como na alta demanda de etiquetas autoadesivas, utilizadas nas remessas do e-commerce.
5) No pós-pandemia, quais oportunidades a Polo Films enxerga para o setor de embalagens no Brasil?
Estamos atentos às mudanças que os brand owners têm identificado junto aos seus consumidores e seguimos abertos para continuar inovando em nossos produtos. Temos oportunidades na economia circular, com a maior conscientização no uso de embalagens sustentáveis, o que deve impactar em uma mudança do Design tradicional multi estruturas para estruturas mais apropriadas à reciclagem, por exemplo. Igualmente, estamos com iniciativas em outras frentes para atender o aumento da exigência de proteção nos produtos consumidos no território nacional. Os desafios são grandes, porém, as oportunidades são maiores.
6) Na sua opinião, quais tipos de embalagens e segmentos devem impulsionar o mercado brasileiro nos próximos meses?
Após um crescimento de dois dígitos na venda de embalagens em 2020, estamos confiantes que os novos hábitos vieram para ficar e projetamos para 2021 um crescimento mais alinhado à recuperação da economia. É possível traçar um paralelo com os dados do setor Supermercadista, publicados recentemente pela Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS). Segundo a Associação, houve um crescimento de 9,36% em 2020 e as projeções para 2021 miram os 4,5%. Mas vale ficar atento: a recuperação mais lenta da economia vai implicar em uma perda de renda para uma parcela da população, que somados à inflação, pode provocar uma eventual migração das compras nos supermercados tradicionais para o Atacarejo, bem como com potencial substituição no consumo de grandes marcas para marcas próprias. Por fim, acreditamos que as pessoas experimentaram cozinhar e socializar em casa durante a pandemia e descobriram que, além de ser agradável, também é economicamente mais atrativo. Neste sentido, entendemos que os segmentos de alimentação e bebidas devem continuar sendo os grandes propulsores na demanda de embalagens.
7) Como você vê o mercado de embalagens flexíveis no Brasil já no primeiro semestre de 2021?
Consideramos que não será uma jornada fácil, porém, que parte das tendências positivas para o consumo do “novo normal” observadas no ano passado sejam mantidas. Dada a essencialidade dos itens de alimentação e bebidas, acreditamos que não teremos impactos tão representativos no mercado de embalagens até mesmo com a possibilidade de um novo auxílio emergencial atingindo uma parcela menor da população, ou com a sua extinção.